A tua droga

Sei que não te lembras!
Não posso sequer exigir-te isso
Estavas inconsciente
De corpo mole
Jazido no chão gelado
Perdido nessa tua maldita droga
Que te corrói
Que te mata aos poucos
Não abrias os olhos
Não falavas
Não mexias
E mesmo sabendo que estavas vivo
O meu medo não parava
Queria ver-te
Queria que reagisses
Queria que te movesses
Só um pouco
Para saber que ainda estavas vivo!
Que medo parvo o meu, não?
Já tantas vezes te deixaste perder nesse vício
Nisso, que tu dizes que te alivia
Que te eleva
Mas tu fazes sempre o queres
E ninguém te impede disso,
Não é mesmo?
Limitei-me a ajoelhar-me ao teu lado
Apertei-te os ombros
Queria dar-te algum do meu calor
Para aquecer o teu corpo nu
Afaguei-te a mecha de cabelo molhado
Estavas encharcado em suor!
Beijei-te a face
Uma
Duas
Três
Quatro
Cinco vezes!
E nada!
Nem os olhos abriste!
Não te lembras?
Pois não?
Eu sei
Pelo menos na minha memoria
(ou na memoria daquele lugar)
Fica a recordação
De alguém que se ajoelhou ao teu lado
Que te quis abraçar
Proteger
Mimar
Alguém que se sentiu impotente
Por não te poder parar
Alguém que odiou a puta droga
O chulo quem ta vendeu
O vagabundo que te ajudou a consumi-la!
Alguém que te adora
E que não pode fazer mais nada!
Por favor, cuida-te Pedro!
..::Rita Sanches::..
2 Comments:
Viver um Mundo novo, a cada dia que abrimos os olhos, é, sem dúvida, uma tarefa complicada. Por vezes temos aquela estranha mania de pensar que está "tudo" contra nós! É "a porcaria do autocarro que vem tarde" e que nos faz chegar atrasados ao compromisso mais importante daquele dia... é a água que decide ficar fria, enquanto tomámos banho, e nos faz dar um enorme salto, enquanto somos capazes de insultar o primeiro frasco de champô que nos aparecer pela frente!.. Esses dias só servem para nos fazer aprender, crescer, encarar a vida e o Mundo de uma forma diferente!..
Depois também há dias em que as coisas mais banais nos fazem chorar... pensar que, por exemplo, chorámos por Amor...
Há dias para tudo!..
Talvez hajam dias em que precisámos cair no chão, sentir o suor quente do nosso corpo desvanecer-se no frio da areia fina, numa praia, numa noite, algures por aqui... Nesses dias, talvez, não queiramos ouvir ninguém, nesses dias, talvez, apenas queiramos ouvir-nos a nós mesmos, encontrar, talvez, um espaço de liberdade, um espaço longe do Mundo!.. Nesses dias, talvez, as "drogas" sejam um caminho curto para esse espaço!.. Talvez sejam só uma forma de passar o tempo, de o passar rapidamente, como se quiséssemos fazer os ponteiros do relógio correr numa rua sem fim, até os perdermos de vista...
Há dias para tudo!..
há dias assim.. bem vdd.. quem nao os tem, atire o primeiro calhau.
ciclone XVI
Enviar um comentário
<< Home