sábado, junho 24, 2006

A tua droga


Sei que não te lembras!

Não posso sequer exigir-te isso

Estavas inconsciente

De corpo mole

Jazido no chão gelado

Perdido nessa tua maldita droga

Que te corrói

Que te mata aos poucos

Não abrias os olhos

Não falavas

Não mexias

E mesmo sabendo que estavas vivo

O meu medo não parava

Queria ver-te

Queria que reagisses

Queria que te movesses

Só um pouco

Para saber que ainda estavas vivo!

Que medo parvo o meu, não?

Já tantas vezes te deixaste perder nesse vício

Nisso, que tu dizes que te alivia

Que te eleva

Mas tu fazes sempre o queres

E ninguém te impede disso,

Não é mesmo?

Limitei-me a ajoelhar-me ao teu lado

Apertei-te os ombros

Queria dar-te algum do meu calor

Para aquecer o teu corpo nu

Afaguei-te a mecha de cabelo molhado

Estavas encharcado em suor!

Beijei-te a face

Uma

Duas

Três

Quatro

Cinco vezes!

E nada!

Nem os olhos abriste!

Não te lembras?

Pois não?

Eu sei

Pelo menos na minha memoria

(ou na memoria daquele lugar)

Fica a recordação

De alguém que se ajoelhou ao teu lado

Que te quis abraçar

Proteger

Mimar

Alguém que se sentiu impotente

Por não te poder parar

Alguém que odiou a puta droga

O chulo quem ta vendeu

O vagabundo que te ajudou a consumi-la!

Alguém que te adora

E que não pode fazer mais nada!





Por favor, cuida-te Pedro!

..::Rita Sanches::..

2 Comments:

Blogger João Ferreira said...

Viver um Mundo novo, a cada dia que abrimos os olhos, é, sem dúvida, uma tarefa complicada. Por vezes temos aquela estranha mania de pensar que está "tudo" contra nós! É "a porcaria do autocarro que vem tarde" e que nos faz chegar atrasados ao compromisso mais importante daquele dia... é a água que decide ficar fria, enquanto tomámos banho, e nos faz dar um enorme salto, enquanto somos capazes de insultar o primeiro frasco de champô que nos aparecer pela frente!.. Esses dias só servem para nos fazer aprender, crescer, encarar a vida e o Mundo de uma forma diferente!..

Depois também há dias em que as coisas mais banais nos fazem chorar... pensar que, por exemplo, chorámos por Amor...

Há dias para tudo!..

Talvez hajam dias em que precisámos cair no chão, sentir o suor quente do nosso corpo desvanecer-se no frio da areia fina, numa praia, numa noite, algures por aqui... Nesses dias, talvez, não queiramos ouvir ninguém, nesses dias, talvez, apenas queiramos ouvir-nos a nós mesmos, encontrar, talvez, um espaço de liberdade, um espaço longe do Mundo!.. Nesses dias, talvez, as "drogas" sejam um caminho curto para esse espaço!.. Talvez sejam só uma forma de passar o tempo, de o passar rapidamente, como se quiséssemos fazer os ponteiros do relógio correr numa rua sem fim, até os perdermos de vista...

Há dias para tudo!..

1:15 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

há dias assim.. bem vdd.. quem nao os tem, atire o primeiro calhau.

ciclone XVI

12:23 da tarde  

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